Ambivalência

Encosta tua cabeça no meu peito, que é feito de mágoa. Encosta e fala todas aquelas coisas que me deixam com raiva, que me fazem querer te matar aos poucos. E ao falar, me afaga, me faz um carinho leve no rosto, cospe todo seu rancor na minha cara. Coloca aquele CD da Björk, faz amor comigo e finge que eu não valho nada. Mostra o que há na tua mente, dispa-se desta máscara falsa. Arranca fora essa pose altiva, mostra tua carcaça, os despojos da tua alma. Com as sobrancelhas franzidas e os olhos entreabertos, me xinga, me joga para fora da tua cama. E me ama. Me ama de um jeito que nunca fez antes, diz em gestos o que o você não pôde dizer por palavras. Depois diz que foi tudo brincadeirinha e me pede em casamento, me pede um filho, compra uma casa, arranja dinheiro, me dá o teu fogo e o mundo inteiro, para eu guardar bem no centro de minha mão. Se for preciso, minta: mas não me deixe aqui sozinha, caindo em tentação.

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